terça-feira, 22 de agosto de 2023

~diálogo mudo e desnudo~


🦋Vem!
🕑Não!
🦋Por quê?
🕒Não posso!
🦋Por quê?
🕓Não consigo!
🦋Por quê?
🕓Não estou pronta!
🦋Por quê?
🕔Porque preciso mudar algumas coisas...
🦋Que coisas?
🕕Não sei!
🦋Se soubesse o quê, mudaria?
🕖Com certeza!!!
🦋E se soubesse, o que mudaria?
🕗Quê???
🦋Então, só mudará quando tiver certeza?
🕘Você tá me confundindo!
🦋Você quem já está na confusão! Tô só tentando ajudar, porque toda sabedoria vem da observação e dos questionamentos.
🕙O que acha que eu devo fazer?
🦋Observar e questionar
🕚Observar o quê?
🦋Você começou pela pergunta. Comece pela observação.
🕛Mas eu não sei o que observar, criatura!
🦋Observe a dúvida!!!
🕜Tá ficando ainda mais confuso...
🦋Quem mata a dúvida?
🕝A certeza!
🦋E se não se tem certeza...?
🕞Me resta a fuga!
🦋Ilusão, isso. A dúvida te acompanha onde for. O outro antídoto também começa com F...
🕟Qual? “FODA-se!”???
🦋Haha! Por vezes, ajuda, mas é outra ilusão. Se não tem certeza, e não pode ignorar, use a Fé!
🕠Perdi a minha...
🦋Recupere-a!!!
🕡Não tenho nem pista de onde a perdi, pra começar.
🦋Então, recomeça!
🕢Ah, não começa...
🦋Eu te empresto a minha, então. Vem buscar!!!
🕣Não posso!
🦋Por quê?
🕤Não consigo!
🦋Por quê?
🕥Não estou pronta!
🦋Por quê?
🕦Porque preciso mudar algumas coisas!
🦋Que coisas?
🕧Não sei!
🦋Se soubesse o quê, mudaria?
🕐Com certeza!!!
🦋Só posso te dizer que pra pessoa do EU e pra pessoa do VOCÊ, a conjugação no futuro do pretérito é a mesma: eu mudaria / você mudaria. O futuro de um pretérito é o Presente de não ser mais preterido. Se você não sabe mudar, eu mudo por nós. Vem. Só vem. Estou te esperando. Aqui, a gente altera os ponteiros dos relógios, faz cortinas de fumaça pra se esconder, e ri por no mínimo 3 bocas, quiçá mais, se contarmos as bocas do fogão, já que fogo é o que não vai nos faltar...
🕑 
🕑 
🕑 
🕑Vem!
🦋Oi???
🕒Só vem!
🦋Pra onde?
🕓Pra cá!
🦋Por quê?
🕔Porque enfim estou pronta!
🦋Pra quê?
🕕Pra te receber em mim, mesmo sem ter NADA a te oferecer!
🦋Tem café?
🕖Só o “cá”. A fé eu perdi, lembra?
🦋Ah, é! Então, essa eu vou levar. Teu cá + essa confusão + minha fé = ...

💗Nosso inesquecível cafuné! E nossa inesquecível conversa que começou como “sinal de fumaça”, e terminou desnuda e completamente molhada.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

 

Era tão somente um imenso farol. Eu estava de um lado, e você do outro. Eu esticava a mão pra te alcançar, e você não esticava a sua. Eu implorava mentalmente pra você fazer o mesmo. Até que, no desespero e exausta, encostei minha cabeça na estrutura e percebi que, do outro lado, seu braço estava esticado. Notei então que seu outro braço não existia. Fui então esticar o meu outro e... Percebi que também não existia. Jamais iríamos nos encostar. Desolada, joguei minhas costas na parede, o quadril no chão, e chorei... A vista embaçou, e no horizonte à minha frente, algo se desenhava... Corri nessa direção pensando “é meu braço, preciso ir lá buscar!”. Quando cheguei, vi que era mais que um braço: era EU inteira. Mas eu só precisava de um braço. Tentei arrancá-lo! E essa foi a parte do EU que mais doeu. Era mais fácil “abraçar o todo"!!!

Me vi e me senti novamente íntegra, aliás, melhor que antes: renovada. Dei meia-volta pra poder enfim alcançar você e... Impossível! Não havia mais caminho “pra trás”. Me desesperei. Eu precisava te pegar pelo braço e te levar ao seu braço, ou melhor ainda: te dar esse braço extra. Mas eu só podia andar pra frente! E a cada trecho, eu me via de novo, mas dessa vez, era “no espelho” que faltava algum pedaço. O primeiro faltava uma perna, e dependia de uma muleta. Tentei arrancar minha perna oposta pra doar! E essa foi a parte do Eu que mais me doeu... Entendi que como já me havia 3 braços, deveria então andar com 3 pernas. E foi ótimo. Senti que podia correr mais rápido, e caminhar mais longe, além de agarrar mais coisas pelo caminho.

No trecho seguinte, faltava a cabeça. Fiquei com cinco pernas, cinco braços, e um só cérebro guiando e controlando tudo. Eu só sabia pensar que você precisava só de um braço, e eu já tinha cinco, era simples te doar um, e te ter completa de novo pra podermos nos abraçar (e com potência dobrada, afinal, haveria 2 braços a mais). Acelerei as cinco pernas enquanto o cérebro tentava achar um meio de voltar atrás e te resgatar. Foi quando o peso de cinco pernas e cinco braços não me permitiu mais andar em linha reta. Eu sempre era puxada pra um lado, e a cada passo, ia fazendo uma curva. Eu estava perdendo totalmente o controle, e, no desespero e exausta, chorei. A vista embaçou, e no horizonte à minha frente, algo se desenhava... Juntei as forças que tinha e apenas corri nessa direção pensando em absolutamente nada! Eu já estava no piloto automático, e só tentava, simplesmente, alcançar.

E quando cheguei perto, era você! Com cinco pernas, cinco braços, e uma cabeça, que também te fizeram andar em círculo e, enfim, a gente se achar. Tentamos nos abraçar, e nossos braços deram NÓS!!! Foi assim que 10 braços, 10 pernas e duas cabeças formaram um gigante Farol.

E agora, dois faróis inteiros se encaram, um iluminando o outro; se amando pra dedéu, pois se amam com o coração de Deus – que nada mais é que um monte de EUs.

#AmorPróprio #Autocura #EuSouDeusEmAção #SóEuMeCompleto #DoandoSóOqueSobra




domingo, 26 de fevereiro de 2023

O dia em que comecei a morrer...

Silêncio
Vácuo
Frio
...
Nasci!

E na beira da ribanceira, respirei pela primeira vez; e cada respiração me aproximava da última. Assim que se nasce, se começa a morrer. Mas até morrer, a gente vive, e no meio da vida, a gente morre e renasce infinitas vezes; e tantas delas, sem perceber.

Entre hábitos e óbitos,
Sempre amei sem pudor,
Mas nunca sem poder!
(Eu sempre posso, e é sempre poderoso)

Entre sintomas e sequelas, quem me lê, me sabe mais que quem me ouve... Porque meus versos são em verdade um Universo (e 10 dedos sempre falarão bem mais que uma Língua!).

No intervalo entre um pesadelo e outro,
Eram manhãs quentes,
Tardes mornas,
Noites frias &
Madrugadas mortas...
(Porque até o Sol às vezes dorme até mais tarde e chora um dia inteiro!)

Entre rastros e pegadas, entre mastros da pesada; tive de trocar todas as rodas do carro em pleno movimento, e numa curva fechada! Dizem que os poetas sabem sofrer... E que eles morrem de tudo, mas sempre sabem renascer! (Será mesmo?)

O passado foi corrompido,
O presente já está corroído,
O futuro nem faz mais sentido...

Tudo ido!
Tudo doido!!
Tudo doído!!!
(E tudo é sempre Hoje, pois o "Nunca Mais!" começa agora!!!)

Já nem sei mais, já nem sinto menos. Sinto muito... Mesmo! Meu pranto tá sempre pronto pra derrAMAR.

Estou quase vencendo
Aquilo que vem sendo
A maior de todas as dores

Já almocei ventos, já morei nas tempestades, já fui casada com um Tufão... Então, o que já me doía na teoria, hoje me é drástica na prática (espera que dilacera, e morte que não faz forte!).

Já servi de casa pra muita gente...
E servi amando!
Mas saí chorando,
E arrastando corrente!!!

Há uma tristeza minha que faz escândalo em praça pública, e outra que escraviza meu sorriso, obrigando-o a se mostrar mesmo contra a vontade. E ambas me apavoram.

"Aquela lá" me atirou suas piores palavras, mas eu morri mesmo foi de fala perdida. Por isso, comecei uma revolução chamada devolução, e outra chamada exclusão!

~decretei FALÊNCIA VERBAL~ 

Entreguei todas as palavras que tinha. Foram doadas, vendidas, emprestadas (e jamais restituídas), rasuradas, perdidas, descartadas ou simplesmente esquecidas! Foram-se todas as palavras que eu tinha... Escaparam pela madrugada, foram roubadas por pessoas mal-intencionadas. Lembrança calada! Muda sem saber mudar. Hoje, não tenho mais opinião formada! No máximo, uma formatada. E ao que qualquer um disser, me rendo em concordata.

Já estou farta desse tipo de Amor de meio-período.
Quero é fazer Amor no chão, feito bicho;
Relembrando as histórias que nunca acabaram,
Só deixaram de ser importantes;
E as que já acabaram, mas
Nunca deixaram de ser importantes…

Finais doem, mas recomeços curam. E eu estou recomeçando por onde nunca andei... Hoje, tenho olhos grisalhos, e me aqueço numa febre linda. O calor da maturidade me faz ver e sentir a Vida de forma especialmente diferente!

Hoje, sou mestre em Filosofias de Varanda, dissertando sobre o dia em que toda loucura será perdoada - e até validada. E tudo vai ficar bem!

Entre tragos e estragos,
Descobri que precipitar-se é
O pressuposto do precipício...

Porque tem dias que a lição é aprendida
E tem dias que é só doída mesmo!

A pausa e pedras, oscilo entre a dúvida e a demora! Meu Coração coleciona saudades que só ele sente, segredos que só ele sabe, e certezas que só ele tem. E ele sempre terá a velha e linda idade do Mundo.

O físico mente
A mente se emociona
A emoção reza
O espírito encarna...

E começa tudo novamente!!!

A sorte tem meu nome, mas o revés decorou meu telefone. É tarde demais pra chegar, mas cedo demais pra sair. Me pergunto "quem são os outros?", e mais: "tudo isso é imensidão ou muito pouco???". São miragens mesquinhas e inacabadas, mas, isso não é nada, porque tenho a determinação de um Louco e a coragem de uma Rainha de Espadas.

Mas quando mais preciso de mim, nunca estou aqui!
E até eu estar apta a me alcançar, já estarei longe...
(Vida entregue é vida que segue!)

Faltava apenas 1min pra eu nascer, e 30s antes, eu já havia ressuscitado 5x.

Hoje, não moro mais no morro,
Nem nasço mais onde morro!
Nuns dias, só corro
Noutros, grito por socorro
(E em todos os turnos, eu durmo!)

Entre Corpos e Curvas, na dança dos cegos com os nus; compartilho sonhos e afetos num dia intenso que já dura 44 anos... 

Meu terceiro olho também é azul. E pra ele, tudo é um céu aberto, limpo e infinito.

Eu só queria dizer que minhas Saudades são enormes. Minha Alma tem crateras imensas que eu preencho com meu próprio espírito, enquanto é o meu corpo que me ensina a viver todos os dias.

A Solitude não é má. Ao contrário, é a melhor escol(h)a! Porque ela sempre nos colocará diante da única pessoa capaz de nos salvar: nós mesmos! 

Só nós pra 
Desfazermos 
Os nós…

Não sou Benjamin Button e nem Petter-Pan. Tudo está no tempo e no ritmo certos. Vivo no tempo do Não-Tempo, No tempo dos Desvios Divinos: ora me acomodando, ora me incomodando; mas sempre me dividindo...

De cima desse “AMDOR”, só te peço um grande favor: devagar com o seu Amor, qu’eu tô cuidando da minha Dor!

...E no dia em que comecei a morrer, compreendi 
Que foi o dia de entender que no fim, enfim, 
EU RENASCI !!!

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

~Assim SOUL~

Hora do inventário dos bens imateriais. É preciso falar do patrimônio emocional, mental e espiritual. Inventar bens onde só há males. Inventariar os “tem” que vieram dos “vales”, e se dar conta do que realmente vale nesta Vida!? Em qual idade a qualidade do Ser Humano chega ao ápice? E de que é feito (e efeito) é o defeito de cada um? Cheguei ao ápice do declínio desfilando na calçada uma Tristeza com pedigree. Caí na real, e gastei muito Real pra levantar. Perdi horas olhando uma pilha de tijolos pensando “são construção ou ruína? Começo ou fim?”. Recomeço, então...E recomeço pelo cabelo! Que quando dá nós, nos lembra que somos laços. Minha pele e meu pelo: casas dos meus apelos. Minha história com meu cabelo não caberia num post, e sim num livro, pois é história longa, embaraçada, ora presa, ora solta, às claras, obscura ou disfarçada: uma história de Vida.

Rejeitei-o e maltratei-o por tanto tempo sem desconfiar que rejeitava e maltratava a mim mesma. Se meu cabelo chamasse atenção, era eu quem estava sendo vista (e eu me escondia). Não o priorizava, pois não me priorizava. Achava-o horrível porque me achava horrível. Só dava a ele o básico (limpeza!), pois achava que eu só merecia isso. Quando o arrancava, era querendo arrancar o "mal" de mim, e o meu lado ruim. O prendia porque temia me soltar, e também porque tinha medo de alguém “puxar a minha rédea”, e, assim, me machucar, me parar à força, me derrubar. Mas, para além do Medo há o amadurecimento preciso (de precisão e de necessidade), e a felicidade “prometida” e merecida.


Quando o lavava, achava caídos na peneira do ralo “pensamentos e sonhos” que julgava ter perdido, mas que foram salvos e guardados. Ninho dos apegos, daqueles bens imateriais que tinham medo de se perder, de morrer, ou serem esquecidos. Meu viver, meu respirar, meu fazer, meu doar, meu saber, meu sonhar, meu rugir, meu chorar, meu prazer, meu gozar, meu beijo, meu rezo, minha Poesia, TUDO passa por ele, e permanece nele, até eu decidir quais manter e quais deixar ir... Porque penso o Mundo diferente daqueles que o pensaram antes de mim, por tanto tempo vi isso como afronta e ofensa, e até falta de humildade. Mas entendi enfim que não preciso pensar sempre igual por lealdade, e nem sempre diferente só por rebeldia. Eu tenho apenas que PENSAR...  

Cortar meu cabelo bem curto era me diminuir, me menosprezar, me esquecer, e até me eliminar. Por tanto, tentei esconder meus defeitos; e achava que meu cabelo era o maior deles. Tentei mudá-lo, escondê-lo, e ele só me provava que eu jamais conseguiria nem uma coisa nem outra. E agora, quero mostrá-lo tal como é: cheio (de conteúdo!), tem clareza e também escuridão, tem um lado liso e um cacheado, é grosso, mas tem leveza; enfim, não dá pra rotular minimamente. É contraditório, mas é em essência BOM! 


Tantas vezes o chamei de “ruim”, e ouvia dos profissionais que “eu não sabia o que era um cabelo ruim”. Realmente, não conhecia quase nada de mim. E a parte que melhor me define (mesmo na aparente indefinição) e me resume tão completamente é o meu “pelo”. Querer “maquiá-lo” às vezes, ok, mas sem nunca esquecer como ele é em essência; e ver beleza nisso é me aceitar como sou. E aceitar sobretudo o meu poder. O cabelo é para tantas culturas e religiões um símbolo do sagrado, da conexão com o divino, e do acesso a esse poder. Sansão tinha sua força no cabelo, Rapunzel escapou da prisão através de seu cabelo, os Avatares se conectam ao Todo através do cabelo. 

No inventário dos bens imateriais, o grande guardião deles me fez descobri que o maior bem que tenho é Ser Quem Sou, e Como sou! 


domingo, 30 de outubro de 2022

~ 4 versos, uma EUstrofe ~
(A Poesia do Ser)


Água, Fogo, Terra e Ar
(Orvalho, erupção, carvalho e tufão)
Emoção, Espírito, Corpo e Mente
(A que vê, ouve, fareja e sente)


Larva, mata, céu e mar
Um riso, um choro, mil rezos e todo Amar
De fé e pagã, pajé e xamã
Filha, neta, prima e irmã 


Nascer, crescer, viver e voar
Errar, Chorar, Servir e Doar
Do compromisso, do reboliço, do cortiço, do Feitiço
Do portão, do porão, da poção, da proporção


Demorada e instantânea, moderna e contemporânea
Reta e curva, sagrada e profana
Soterrada e litorânea, eterna e momentânea
Alegria, lembrança, tristeza e esperança


Lida (e linda), leve e solta
Lúcida, delirante, calma e revolta
Saturno, Vênus, Marte e Plutão
Outono, Inverno, Primavera e Verão


Sorte do Sul, Veste do Oeste
Sol, lua, raio e trovão
Sol em Virgem, ascendente em Escorpião,
Lua em Aquário, Vênus em Leão.


Amor que precisa de peito
Paz que domina o espaço
Amizade que aceita defeito
Felicidade que elimina o escasso
 

Dívidas e dúvida, [Pois sim, pois não!]
Tímida, recalcada, exibida e acelerada
Entidade errante, castidade berrante
Um Titanic na tsunami, uma tribo Yanomami


Fatos e versões, atos e "omissões”
Escolher e ceder, esquecer e perder
O protótipo, o rascunho, o estereótipo e o testemunho
Te enfrentar, me tremer, te desculpar, me surpreender


A sombra de um amor desavisado
A sobra de um amor desperdiçado
O descontrole de um medo desvairado
O desenrole de um cedo atrasado


Karma e missão, benção e perdão
Células, moléculas, átomos, concepção
Universos paralelos, portais interdimensionais,
Buracos de minhoca, constelações ancestrais


A emenda, a contenda, a prenda e a senda
O trampo, o templo, o amplo e o exemplo
A fenda, a lenda, a renda e a tenda
(uma simples questão de Tempo!)


Asa e raiz, casa e juiz
Enigma, certeza, insígnia, correnteza
Exorcismo, cataclismo, erotismo e idealismo
Um respiro, um convívio, um suspiro, um alívio


Um jeito, um trejeito, um sujeito, um rejeito
Adjetiva, adversativa, substantiva e superlativa
Passado bruto, futuro sem fruto
Presente diminuto, eternidade em um minuto


Prova e expiação, trova e inspiração
Suco de morango, chá de pêssego, vinho do Porto e chimarrão
[Seja bem-vindo!], [Muito prazer!],
[Sinta-se à vontade!], [Como posso ajudar você?]


Um ano-luz,[ uma ova!], uma cruz, uma cova
Uma espera, uma Era, uma fera, uma quimera
Supremo e solene, o remo e o leme
Tudo crê, tudo cria, nada teme, E.Q.M


Narrativas, tratativas, explicativa e restritiva
Imanente, coerente, insistente e inocente
Agradável, biodegradável, de base imutável e quase insuperável
Curta-e-grossa, persistente, [não há quem possa!], resiliente


Cósmica e terrena, polêmica e serena
Andromedana, pleiadiana, siriana, arcturiana
Sem limite, sem fronteira, sem eira-nem beira
Menina, guria, mulher e senhoria (e tudo guerreira!!!)


Coração escancarado morando numa prisão mental
Espírito livre voando num corpo mortal
Prende e solta, morde e assopra
Um corte nas entranhas, e tudo o que ele cobra


Miomas e verrugas, axiomas e fugas
Breve e vindoura, de Limousine e de vassoura
Louca e santa, pouca e franca
Centrada e insana, tatuada e suburbana


Atol dos passaredos, farol dos segredos
Rua do arvoredo, Samba de enredo
Português, Inglês, Espanhol e “quase” Francês.
Nunca teve medo de tentar mais uma vez...


Morfética e sintética,
Profética e dialética
Cibernética e genética
Estética e eclética


Das galáxias e das redondezas
Das miríades e das miudezas
Figura sem censura, gentileza sem frescura
A face prematura da mais pura cura
 

Cantos de Estou, planos de Voo,
Anos de Sou, santos de Soul
14, 09, 1978, 44...
Terapia e Parto, Poesia e Teatro

Afeto a afetar a quem possa interessar
1,66cm, 65kg, quadril largo e rosto “feio”(?)
Maria, Eduarda, Novaes, Guerra
(e mais o Lafetá como nome do meio!)

Locações: Parque Estadual do Caracol e Grande Hotel Canela
***
E mais uma vez, a dupla dinâmica ´topa-tudo´ se superou! Sou pura gratidão!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

~cor floris, cor coloris, cor purissimi doloris~
(BR 040/KM 4 - de aguaceiros e de ruínas)


Todo coração tem suAORTA,
Que pelo visto, tudo suporta.
Em coração, fundo se CAVA
E o Mundo se planta,
Pois ele tudo suplanta!
(mas, quando se mente, se planta a pior semente...)


Vivendo a paus(a) e pedras, entre dúvidas e demoras, meu coração coleciona segredos que só ele sabe, riquezas que só ele tem, e saudades que só ele sente agora... 

Hoje, meu coração tá anêmico, paralítico, amputado, roto, torto, perfurado, e totalmente fora do lugar. E se for reparar bem, não tem reparo!!! Metade dele morreu, e a outra metade que vive, segue sem saber que rumo tomar, e onde irá parar. 

Meu coração está pelas tabelas, abrigando uma Alma que se refugia em favelas. Tá tudo muito ventríLouco, pois tenho um átrio ordinário, que ignora o meu livre arbítrio. 


Cores e Flores são Dores 
Que o Coração transmutou!
(Por isso, a grafia mudou)

Mas... Cores também desbotam, flores também murcham, e têm espinhos que machucam; e dores, quanto mais fortes, mais resistentes. A Dor é uma dormência, é uma demência, é uma doença terminal intermitente (e prepotente)! 

Coração florido, coração colorido, mas duramente dolorido... 
A Dor não cede clemência!


A gente passa um inverno dentro do inferno, num sofrimento interno, externo, e por vezes eterno; até que o ardor disso tudo nos mostra que... 

Antes Sol do que um Mal nublado. 

A gente aprende a reviver sem sequer ter nascido. A gente descobre como renascer antes mesmo de ter morrido. Quando a metade de mim em ti começou a morrer, todo o nosso Inteiro se rachou. E quando o inteiro de ti terminou de morrer, todo meu Inteiro se estilhaçou - e se apartou de mim. Inteiros que se vão (partidos no vão), nos deixando pelas metades...


A Morte é sempre um tiro-certo, que mata até as pessoas erradas. Mata a Sereia-da-Mata, a Noiva-do-Vegetal; que se enterra prometendo infinitudes, mas só entrega brevidades, na terra ou no umbral. Nos ataudes, corpos (se de)batem em retirada, metendo medo nos próprios medos, até todos terem a coragem de fugir em disparada!

Seríamos temporariamente eternos ou eternamente temporários?


As Dores enfeiam a Sorte, enquanto as Flores enfeitam até a Morte

Cheguei ao ápice do declínio!!! Onde exerço clandestinamente o direito às fraquezas em meio ao dever de ser sempre forte (e sempre norte!). É, eu ando tão à flor da pele, que vejo, sinto, e cheiro cada corte, tendo a certeza de que só eu mesma tenho o meu Coração. Ninguém mais! 


Nós na cabeça (somos),
Nós no coração (são),
Nó na garganta...
Tem dia que nada adianta!!!
(nem mesmo oração)

Tive um pesadelo terrível, onde meu Silêncio dormia numa cama ruidosa, sob lençóis histéricos; acordava aos berros afônicos, e desmemoriado... Só(!) que não perdi nenhuma dessas memórias... Saí em disparada e cheguei a um lugar onde não encontrei absolutamente nada. Um dia, quem sabe, eu “ai!!!” de me conformar com as Dores do Mundo. Hoje, só quero um conformimsmo: onde me confronto, me conforto, e me conformo em viver sob meu próprio julgo.


Luto, pra mim, sempre foi verbo, e verbo é Palavra; mas hoje, me encontro quase sem elas. E acho o cúmulo encher os túmulos com acúmulos nulos... Vazios que preechem lugares, e pesam absurdamente... Uma ova!!! O espaço espesso onde escondo meus sentimentos e mistérios não se parece em nada com uma cova!


É... As Runas não me falaram dessas ruínas. O Tarô não me avisou desse pavor. Os Búzios não mostravam tantos rostos macambúzios, e as Bolas de Cristal não me refletiam assim, tão mal.

Hoje, sou flor que, sem solo ou com solo, só busca um consolo.

Perto disso tudo, a Imensidão é pouco, não passa de miragens mesquinhas e inacabadas. Tenho a determinação do Louco, e a coragem da Rainha de Espadas, mas o que mais preciso agora não tem nem nome. E se tiver, nem desconfio de qual seja. 

A questão é: por que quando eu mais preciso de mim, eu nunca estou aqui??? Oscilo entra a culpa plena, a esperança ingênua, e a inocência contumaz a me guiar. Mas quanto mais eu sinto pena, menos asas tenho pra voar...


Queria ser um rio corrente, mas não mais rio, só arrasto corrente. Foi um rio que alagou a minha vida; e corre morro acima, enquanto eu morro até na rima.

Ontem, tive as chances que não tenho mais hoje. As cobranças de ontem me renderam as mais duras críticas de hoje. Os enganos de ontem são sentenças no hoje. E a beleza de ontem morreu na feiura de hoje... Mas, o perfeito que não nasceu ontem é o grande feito de hoje. A culpa de ontem é a cura de hoje. E a surra que meu corpo levou ontem fez minha Alma aprender a abraçar hoje.
 


Muita água, e muito silêncio...
Muitos mundos mudos, e ruídos! 
Pedras soltas, Palavras presas... 
Represas torturando os risos foragidos!

Mas sou VITÓRIA-Régia, e em meu aguaceiro vou me sustentar, me deslocar, e chegar onde muitos nem sabem se um dia estarão.


Sigo sendo a eterna 
PRIMAVERA
Aquela que ainda espera, 
E que em breve, todos 
VERÃO!

"A Primavera chegará mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite em calendário, nem possua jardim pra recebê-la" (Cecília Meirelles)

Nunca posso deixar de agradecer, profundamente, à dupla-dinânica Ely e Ana Jú; e nesse ensaio, também agradeço especialmente às duas ajudantes-extras, Tia Paçoca e Mammynúscula.
(Locações - Condomínio Laje de Pedra e Ruínas do Cassino)
*
~PAI~
*
Esse é meu primeiro aniversário sem você, e esse é o primeiro post que você não lerá, e não fará seus tradicionais elogios, e eventuais críticas. Tua morte física matou muita coisa em mim, menos tudo aquilo que há tempos eu quero (e preciso) que morra... Matou sobretudo o prazer que sempre tive em comemorar essa data, que já começava com "Parabéns" à meia-noite, fosse presencialmente ou pelo telefone. E os últimos 4 foram presenciais... 

Hoje, faz exatamente 1 mês que nos vimos, falamos e nos abraçamos pela última vez. Você partiu 3 dias depois, mas aquele dia dos pais foi oficialmente a grande ruptura; e de alguma forma ali, eu me anestesiei... Agora, busco insanamente pela mesma anestesia, que nem a Poesia está conseguindo me dar. 

Eu e Clarice suamos pra conseguir juntar essas Palavras, porque nenhuma delas realmente se capacita pra expressar com exatidão tudo isso. Só mesmo o Silêncio, só mesmo o Vazio. E pra ambos, só a própria palavra em si. 

Silêncio se basta, 
Vazio se resume, 
E a Dor... 
Ah, nem ela 
Pode falar de si
Sem querer morrer também! 

Duro ter que continuar, sentindo o que não faz sentido... Seguir sentindo que falta um braço, uma perna, um olho, um lábio, uma orelha, uma mama... Ninguém deveria sentir uma Falta, porque ela, por si só, não existe. A Falta significa que algo não está ali. Mas a falta é um vazio sentido como Dor. O Vazio dói, o Vazio pesa. E eu achando que estava sofrendo tanto no aniversário passado, quando era assombrada por fantasmas, velhos e novos, e fazendo mágica pra que você seguisse sem saber de nada, pra não se preocupar... Eu realmente não sabia o que era sofrer. Eu realmente não sabia o quanto a Primavera poderia se disfarçar de Inverno. O que os inimigos fizeram comigo há 20 anos, e no ano passado, foram um mero ensaio... Nada nem ninguém provocou em mim tamanha Dor. Eu definitivamente não sabia o que era isso. E preferia ficar sem saber. Pegava de volta na hora todo aquele passado, em detalhes, se me garantissem que eu não passaria por esse "presente de grego". Porque a saudade que senti há um ano virou um efêmero segundo, em total segundo plano... 

Em breve, o primeiro aniversário de casamento que não haverá, o primeiro natal sem o Papai Noel legítimo, a primeira virada de ano A3, o primeiro aniversário da minha mãe sem você, os 50 anos da minha irmã, o primeiro dia dos namorados, o primeiro aniversário seu, o primeiro dia dos pais (que será sempre duplamente marcante), e o primeiro ano completo sem a TV no último volume, as conversas sobre política, as piadas, os planos e orgias gastronômicas. 

Você não sofre mais, e isso me conforta, mas não ameniza em nada a ausência. Teu cheiro ainda está por todo este apartamento que estamos desmontando. Eu já dormi na sua cama, almocei no teu lugar da mesa, tomei banho no seu banheiro, e tentei descansar na sua poltrona. Até agora náo sei se isso me foi bom ou ruim. Hoje, um a um, os móveis estão sendo vendidos, suas roupas já foram doadas, e algumas das suas fotos estão sendo encontradas aos poucos... Que em meio a elas, eu me reencontre também. Ao menos algum pedaço, que seja. Porque completa, claro, jamais serei outra vez. 

A tua bruxinha vai sair todas as noites de vassoura a te procurar, e, por favor, tente me achar!!!

Um beijo da sua "buzurundunga" de 44 anos agora, que não soprou velas sobre um bolo porque essa é a última luz que lhe resta, e ela não pode deixar apagar... 

Meu melhor amigo, só espero que você esteja na paz que sempre mereceu. 

Obrigada por tudo! 

Até o reencontro...